O CBTIJ - Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude foi criado, em dezembro de 1995, por profissionais da área de teatro para crianças. É uma entidade sem fins lucrativos (com fins não econômicos) que visa à união dos profissionais da área e à expansão de um teatro de qualidade que contribua para a formação da infância e da juventude brasileiras. Entre os objetivos da entidade está o de promover ações para a divulgação, a difusão e o desenvolvimento do teatro, defendendo a profissionalização da classe.
Além de propor políticas de acesso ao teatro, o CBTIJ tem também como objetivo ampliar os direitos culturais da criança e do adolescente e consolidar, perante instituições e governo, a igualdade no tratamento aos artistas que dedicam seu trabalho a este público em relação aos demais profissionais da área das artes cênicas.
Promovendo intercâmbios internacionais, o CBTIJ é representante no Brasil da ASSITEJ - Associação Internacional de Teatro para a Infância e Juventude. Em atividade em mais de 80 países, a ASSITEJ tem contribuído para uma política junto a governos e instituições de promoção da dignidade profissional nesta área e de desenvolvimento da infância através do Teatro. Também faz parte do recém criado Bloco Latino-Americano, formado por ASSITEJ dos países da América do Sul e Central.
Em 2001, a ASSITEJ instituiu 20 de março como o Dia Mundial do Teatro para a Infância e Juventude. Esta data é comemorada em mais de 80 países onde entidades como a nossa se fazem presentes. Por iniciativa do CBTIJ, há três anos trabalhávamos para que o Dia Nacional do Teatro para a Infância e Juventude fosse oficializado, o que aconteceu em 2008 através da Lei 10.722.
O Rio de Janeiro foi o primeiro estado a reconhecer a data e a instituir em seu calendário oficial o Dia Estadual do Teatro para a Infância e Juventude através da Lei 191/2003. Ações já estão sendo coordenadas para que a data também seja reconhecida oficialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Além de ter sido agraciado com a Moção de Aplauso e Louvor pela Assembléia do Estado do Rio de Janeiro, com a Moção de Louvor da Câmara de Vereadores do Município do Rio de Janeiro e com o Prêmio Ventoforte, o CBTIJ já foi declarado de Utilidade Pública Municipal e Estadual, sendo reconhecida assim a importância de suas ações nestes doze anos de atividades em prol do teatro para crianças e jovens.
O CBTIJ possui o mais completo site de informações sobre teatro para crianças e jovens: História, Acervo (cartazes e programas), Entrevistas, Artigos e Reflexões, Pesquisas Acadêmicas, Críticas de Espetáculos, Resgate de nomes que muito contribuíram para o teatro infantil, Prêmios e muito mais, além de informações completas sobre nossas realizações e sobre a entidade.
Tradicionalmente, um artista plástico cria um cartaz para comemorar esta data, mas este ano montamos um painel de fotos de espetáculos que engrandeceram nossa história nos últimos 60 anos.
2. Carta da ASSITEJ Internacional escrita por Roberto Frabetti
As crianças têm seu espaço e tempo próprios.
Que nem sempre é o mesmo espaço e tempo dos adultos.
Os adolescentes têm outro espaço e tempo.
E o espaço e o tempo das crianças pequenas também são diferentes.
Espaço e tempo definem uma dimensão.
Espaço e tempo constituem a base do ritmo.
E o ritmo constitui a base do teatro e da própria vida.
A base da comunicação, com nós mesmos e com os outros.
Fazer teatro para crianças – de qualquer idade -, ou fazer teatro para adolescentes ou jovens, significa entrar em novos espaços e tempos.
Significa experimentar novos ritmos para encontrar um ritmo comum.
Procurar um ritmo comum significa procurar um território neutro.
Não a terra de ninguém, flutuando no meio de um conflito.
Mas uma terra que não pertence a ninguém, ainda sem conflitos, uma terra livre. Onde nada precisa ser defendido, mas onde é possível finalmente compartilhar algo.
Um conhecimento, uma pergunta, uma dúvida e até uma emoção;
Costuma-se dizer que uma das maiores ilusões do homem é sua capacidade de compartilhar suas emoções com os outros.
De alcançar um estado de fusão, de comunhão empática.
Diz-se também que isso é impossível na vida real, a não ser quando nasce um amor.
Talvez possamos ter compaixão, vivermos uma emoção próximos a outra pessoa, sentirmos emoções ao mesmo tempo. Que são, mesmo assim, emoções diferentes.
Posso ficar contente de que você esteja feliz, mas eu não estou “feliz”, eu estou “contente”.
Eu simpatizo enquanto você vive uma emoção intensa.
Posso ficar com pena da sua tristeza. Mas o que eu sinto não é tristeza; é algo diferente, mais leve.
Talvez possamos compartilhar uma emoção intensa, coletiva, parecida com a que nos une em torno de um time, mas é difícil compartilhar uma emoção pessoal profunda.
Gosto de pensar que o desejo inatingível de um estado de fusão é uma das razões que levaram o homem a precisar fazer e vivenciar arte.
Em particular, um tipo “vivo” de arte; a arte que exige a presença de atores e platéia ao mesmo tempo.
Como na música, na dança e no teatro.
Na ficção do teatro é possível compartilhar emoções profundas e, portanto, “reais”.
Se assistirmos Romeu e Julieta juntos, juntos podemos esperar que o sol nasça, sabendo que ele já nasceu.
Sendo Julieta que retarda, sem querer; ou sendo Romeu que fica, sabendo o que vai acontecer.
Se todas as alquemias funcionam e se existe verdade.
A verdade é fundamental.
Falo da verdade dos que sabem que estão vivendo numa terra “livre”.
Que não é nem minha, nem sua. É uma terra de passagem e encontro.
É a verdade de um tipo de teatro que não celebra atores e artistas, mas um em que atores e artistas vivem intensamente o que fazem e a oportunidade que a vida lhes ofereceu: poder pisar em terras livres, onde é possível vislumbrar fusão.
Ao fazer teatro para crianças e jovens, qualquer que seja sua idade, a terra livre muitas vezes está visível. Porque “eles” têm seu próprio espaço e tempo. Não os podemos encapsular em nossa dimensão, devemos tentar nos mover e buscar um novo ritmo.
O ritmo de um encontro. O ritmo produzido ao tentar e conseguir conhecer os outros, sendo únicos, sendo diferentes.
Esta é uma das muitas características, e a mais importante, do teatro para crianças.
Que não é um teatro “menor”, e sim um lugar de pesquisa artística e humana profunda.
Porque as crianças tem o direito de interagir com adultos que as respeitem como seres humanos.
A arte e o teatro podem representar uma terra onde os encontros são possíveis, onde outros espaços e tempos podem se entrelaçar, cheios de deslumbramento, permitindo-nos tocar as cordas da nossa sensibilidade mais profunda.
Mensagem de Roberto Frabetti
Testoni Ragazzi/La
aracca
Bolonha, Itália