quarta-feira, 3 de abril de 2013

ATUANDO COM MUITA PAIXÃO




Domingo, 3 de março. Chegamos a São Lourenço da Mata com um desafio: montar um espetáculo em apenas quatro semanas. Sem apoio. Sem ajuda de governo municipal ou estadual. Mas tínhamos o principal: a vontade de fazer a diferença e acima de tudo, o amor pela arte. Quase 30 pessoas se uniram aos que se mantiveram fiéis ao Arteb, além de dezenas de crianças da comunidade.


Raquel – Coube a mim a figuração 4, uma mãe que pedia para o seu bebê visse o Messias. E colocando em prática o exercício do curso de construir uma personagem, ainda que aparentemente sem importância. Dessa feita, surgiu Raquel, a mãe do pequeno órfão Kairel, de apenas dois meses, e viúva de Samuel. Kairel foi abençoado pelo Cristo em nome de todas as crianças, pois “delas é o Reino dos Céus”.



Dança – Três dançarinos profissionais, Elaine, Kell e Fábio ajudaram o coreografo e bailarino Rodrigo Christian a montar uma bela coreografia, com 5 atrizes, que mesclou elementos da dança do ventre com ritmos afro, o que abrilhantou a cena da bacanal de Herodes. Tudo muito sensual sem ser vulgar.

Versatilidade – O elenco masculino está de parabéns: anjos, cegos, apóstolos, príncipes, crucificados, sacerdotes, tudo ao mesmo tempo e com o mesmo talento. O mesmo podemos falar de algumas atrizes, que se dividiram entre a bacanal e o Sermão da Montanha.
Sensibilidade – Maria Mãe de Jesus e Maria Magdalena colocaram
para fora toda a emoção de suas personagens, que são os principais nomes femininos do espetáculo. Sensíveis e doces, representaram bem sentimentos muito humanos e ao mesmo tempo divinos como o arrependimento e a submissão a um bem maior.

Coragem – Interpretar Judas Iscariotes exigiu uma dupla coragem do ator. Primeiro, em
interpretar um personagem odiado pela humanidade e segundo, pela agilidade na cena do enforcamento. Mesmo com toda a segurança do equipamento, não deve ser nada fácil interpretar um salto para a morte, em frente a três demônios.

Bastidores – Alguns deixaram o grupo na reta final dos ensaios achando que iria estragar o espetáculo. Mas que nada! Atores consagrados nas cenas locais e nacionais chegaram para somar e brilharam como nunca. E como já dizemos, sem crédito do poder público local, sem a fé de muita
gente e acima de tudo, sem a visão de uma cidade com tudo para ser protagonista de uma bela história.

Quatro dias – Aos que disseram que o espetáculo não sairia, respondemos com quatro dias de ginásio cheio, concentração total e amor pelo teatro. Afinal de contas, somos o Grupo João Teimoso: tentam nos derrubar, mas permanecemos de pé. 


P.S.: A propósito, alguém disse que iria ingerir fezes se o espetáculo saísse. Será que o cidadão cumpriu a promessa?

Tais Paranhos 
Jornalista e atriz